Citânia de Sanfins

A Citânia de Sanfins, localizada nas freguesias de Eiriz e Sanfins de Ferreira, é o vestígio de um povoado fortificado, defendido por três linhas de muralhas e reforçado por uma muralha exterior. As ruínas, descobertas na década de 1950 e alvo de uma escavação cuidadosa, liderada, entre outros, pelo arqueólogo Martins Sarmento, mostram-nos hoje o que era um povoado castrejo do século II a.C. Merecem natural destaque o núcleo castrejo reconstituído, que, para além das ruínas, é uma reprodução fiel de um conjunto de habitações castrejas, e o balneário castrejo, onde se encontra a Pedra Formosa da Citânia. Pode ainda observar-se uma réplica da primitiva Estátua do Guerreiro, símbolo da Citânia, e cujo original foi incompreensivelmente levado para Lisboa.

A visita à Citânia só ficará completa com uma passagem pelo Museu Arqueológico, de entrada gratuita. O museu encontra-se instalado no Solar dos Brandões, uma antiga casa senhorial. A exposição permanente do Museu mostra achados arqueológicos em todo o concelho, nomeadamente peças de olaria e moedas de ouro, prata e bronze de várias épocas da história pré-histórico, desde a ocupação castreja até à romanização.

Dolmen da Leira Longa

Situado nas proximidades do lugar de Condominhas, freguesia de Lamoso, a sua construção data do III milénio A.C. permanecendo como o único  no concelho cientificamente divulgado desde os finais do século XIX até a primeira metade dos anos sessenta. E se a construção de tão importantes monumentos funerários dos nossos primeiros agricultores não supõe necessariamente um ordenamento social fortemente hierarquizado, implica, pelo menos, a utilização de formas de cooperação organizada para o cumprimento de tarefas que, no mínimo simbolicamente, assumiam um sentido colectivo.
Trata-se de um dólmen possuidor de mamoa e com câmara poligonal composta por nove esteios, imbricados, com um comprimento de 2.30m. por 2.80m. de largura e ainda com tampa de cobertura, e um corredor com cerca de 3m. de comprimento e composto por oito esteios, quatro de cada lado, com uma tampa ainda in situ sobre os esteios. Classificado como Imóvel de interesse público pelo Dec. Nº47508, de 24.01.1967.

Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins

O Museu Arqueológico da Citânia está instalado em Sanfins de Ferreira, na proximidade da Citânia, num edifício barroco, conhecido por Casa da Igreja ou Solar dos Brandões, que, com a antiga igreja e residência paroquial, constituem um conjunto arquitectónico de interesse histórico local.


O solar tem uma organização muito original e muito marcada pelo sítio. A casa foi feita, conforme garante inscrição, em 1722, sendo mais tarde nobilitada com pedra de armas, concedida em 1775. Desta época, é o portal nobre que fecha o pátio da casa, ameado e em estilo Rococó, onde se ostenta a grande pedra de armas.
A igreja velha de Sanfins convive e marcou o edifício anterior.
Em bom aparelho granítico, foi remodelada em 1865, mas conserva espaços e restos de construção do século XVI, onde se destacam frescos quinhentistas de importância. Na sua capela-mor mantêm-se ainda cachorros que pertenceram a uma fase de construção anterior, medieval.
O museu foi fundado em 18 de Outubro de 1947, ocupando uma sala de disponibilizada pelos proprietários do solar, foi solenemente inaugurado em 14 de Janeiro de 1984, após aquisição da Câmara Municipal de Paços de Ferreira.


Projectado como centro de estudo, conservação, exposição e valorização da Citânia de Sanfins e do património arqueológico do conselho, este Museu é hoje reconhecido como uma dinâmica instituição com actividades de investigação especializada, apoio pedagógico, divulgação cientifica e intervenção cultural, que se vêm afirmando de primordial importância para o conhecimento do nosso passado comum.
Com a reformulação do Museu em 1995, apoiada financeiramente por programas comunitários, a área de exposição ocupa o edifício principal do Solar dos Brandões. A reserva e a unidade de investigação e administração estão instaladas na antiga residência paroquial, e a Igreja Velha serve de auditório e espaço para exposições temporárias. Nos anexos está instalada a casa do guarda, alojamento e outros serviços de apoio.
A exposição permanente mostra o espólio das escavações da Citânia de Sanfins e os materiais arqueológicos recolhidos na área do concelho de Paços de Ferreira, documentando inúmeros vestígios das comunidades implantadas na região desde o Neolítico.


A analise destes testemunhos permite delinear um quadro de sequências culturais desde formas incipientes de actividade agrária em horizontes megalíticos até aos começos da idade Moderna, sempre revelando notáveis índices de densidade populacional e organização social em adequado aproveitamento do meio e dos recursos naturais.


A observação dos objectos expostos no primeiro piso e em parte do rés-do-chão do Museu ajudará a compreender a vida dos povos que habitaram durante cerca de mil anos a partir da segunda metade do I milénio a.C.
Do conjunto do material lítico, que inclui prisões de gado, mós, pias, soleiras, ombreiras, e padieiras de portas e outros objectos utilitários, destacam-se quatro aras votivas bem como numerosas gravuras rupestres com decoração geométrica típica da gramática decorativa castreja e gravuras figurativas, em especial uma representação de cena de caça ao veado. Uma notável escultura de guerreiro é a imagem tutelar da comunidade castreja.


A cerâmica, geralmente grosseira e micácea e fabricada à roda, apresenta formas e decoração variada de vasos com função diversa. Dos objectos metálicos, são dignos de atenção a cabeça de um torques de ouro, fibulas e alfinetes de bronze, armas e utensílios de ferro. Outros objectos falam-nos de fiação e tecelagem.
Ânforas, sigillata, vidros, contas de colar, dois tesouros monetários e outros materiais romanos e medievais são testemunho das relações com outros povos, da aculturação e abandono da Citânia.


Os materiais expostos no piso inferior dizem sobretudo respeito à ocupação megalítica e à intensa romanização da área concelhia, com destaque para uma expressiva colecção de cerâmicas romanas provenientes de numerosas necrópoles que testemunham a adopção de novos modelos económicos, sociais, e culturais, romanos. A ocupação do território implicou a transferência das populações para áreas de particular aptidão agrícola, onde se constituíram os núcleos de quase todas as atuais freguesias do concelho de Paços de Ferreira, segundo uma dispersão de perfil agrário ainda hoje de notória per-vivência.


Campo privilegiado de investigação desde os tempos pioneiros da arqueologia nacional, atraindo para estudo sistemático grandes vultos e instituições da cultura portuguesa e estrangeira, cumpre referir sobretudo o trabalho de Eugénio Jalhay e Afonso do Paço, posteriormente continuada por docentes e investigadores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que, com o resultado de sucessivas campanhas, tornaram a Citânia de Sanfins numa das mais prestigiadas estações arqueológicas peninsulares.


A visita pode ser feita das 10h às 12h e das 14h às 17h excepto às segundas- feiras. Nos meses de Junho a Setembro o Museu encerra às 18 horas.